A PIF é uma doença muito cruel e na maioria das vezes quando a percebemos já não há tempo hábil para curá-la (PIF Efusiva). E ela se espalha com uma facilidade muito grande.
Falo isso com propriedade por experiência, lutei contra a PIF 2 vezes em 2013. Em maio com meu gato e em julho com minha gata. Ambos viviam na mesma casa e se adoravam, estavam sempre juntos e isso infelizmente fez com que a PIF se manifestasse nos dois.
Até hoje não sei como a contraíram, pois ambos não saiam de casa.
Na época fui informada de que a PIF atingia principalmente animais com imunidade baixa, mas a minha gata estava saudável e ativa quando contraiu a doença.
Enviei a dúvida a uma veterinária por e-mail, pois não foi ela quem tratou meus gatos e eu estava em busca de uma segunda opinião. Abaixo o relato da veterinária.
" Olá Vanessa!
Não necessariamente o FCov se desenvolve em animais com queda de imunidade, ele pode achar brechas em animais saudáveis também. O problema está em diversos pontos: primeiro, não necessariamente um animal com queda de imunidade apresentará algum sinal disso, as vezes ha uma queda de imunidade leve, por algum fator ambiental, alguma troca de rotina, as vezes até troca dos moveis de posição já são o suficiente para gerar um grau de stress no animal e ele ter uma repercussão imune. Outra coisa, mesmo ele estando saudável, o organismo é apresentado por diversos agentes patogênicos ou não durante o dia; quando esse agente é apresentado ao sistema imune três coisas podem acontecer: desencadear uma reação de ataque, uma reação de parada ou não acontece nada. No caso da PIF o problema é justamente o ataque. O sistema imune tá fazendo o papel dele, mas por causa disso ele causa a doença, justamente por combatê-la. Em linhas gerais, o sistema imune tem dois batalhões de ataque: o celular (que é a primeira leva de células) e a humoral (que demora uns dias pra se armar contra o invasor). Quando o animal tem uma boa imunidade celular, o vírus é debelado, quando tem uma imunidade moderada ou fraca, a PIF ganha espaço. Se o FIPV consegui vencer o primeiro batalhão ele depende agora da segunda linha de defesa pra vencer. O organismo encontra um invasor e tenta lutar, nessa hora a desgraça acontece, por que aqui quanto maior a imunidade, quanto mais agressivo for o ataque, mais a PIF acontece, por que é nessa hora, quando os anticorpos se ligam aos vírus tentando neutraliza-los (que chamamos de imunocomplexos) que o sintomas aparecem. Esses imunocomplexos param na parede dos vasos, nos rins, no figado, nos olhos, nas articulações, e de lá não são destruídos. Isso gera uma reação inflamatória gigantesca e com ela vem a formação de líquidos em maior ou menor grau.
Entende agora o porque de ainda não conseguirmos uma cura? Como dizer pro sistema imune que ele não pode fazer o papel dele? Nesse caso, o "ser saudável" é o problema, ele tá tão bem que o sistema imune dele tá no ápice, pronto pra qualquer guerra. Esse é o grande X da questão.
Alguns gatos podem vir a óbito muito rápido mesmo, assim como você me relata. Outros a gente consegue manter por um tempo maior, mas não muito."
Esse relato esclarece bastante as dúvidas de quem já passou pela PIF.
O Fcov é o vírus causador da doença. No casos que passei, o gato sobreviveu 5 dias, como ele era renal, a principio achávamos que o liquido acumulado no abdômen dele era urina, apenas no ultrassom a veterinária verificou que não se tratava de urina e sim liquido livre. A gata demorou 7 dias, o vírus atacou o figado dela, deixando-a totalmente ictérica, apesar de tudo, torcia para ser lipidose, mas infelizmente não era.
Abaixo, mais informações sobre a doença:
Sem vacina segura, sem diagnóstico viável e sobretudo sem cura, a PIF é a infecção mais mortífera nos gatos. Uma vez detectada, a esperança de vida restante do gato cai para 2 anos.
A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) é causada por uma das dezenas variantes do coronavírus. A presença do coronavírus nos gatos é uma doença benigna, que geralmente não causa sintomas e que os gatos acabam por combater eficazmente através da ação do próprio sistema imunitário. Na realidade, a maioria dos donos não chega a saber que o gato esteve infectado por este vírus. Contudo, em 1 a 3% desses casos, o coronavírus degenera numa variante imunomediada quase sempre letal.
PIF e o Sistema Imunitário
O desenvolvimento da PIF está intrinsecamente ligada ao estado em que se encontra o sistema imunitário. A PIF geralmente surge em gatos com um sistema imunitário deficitário: pouco desenvolvido em gatos jovens, até dois anos, enfraquecido em gatos idosos, com mais de 14, ou debilitado em gatos adultos, frequentemente devido ao stress.
Gatos com outras doenças que afetam o sistema imunitário, tais como leucemia (FeLV), ou uma espécie de SIDA (FIV) estão mais vulneráveis ao desenvolvimento da PIF.
Paradoxalmente, um sistema imunitário combativo não faz com que a progressão da PIF abrande, pelo contrário, vai gerar a aceleração da doença se esta já estiver instalada
PIF e Portadores
Nem todos os gatos nos quais se verifica a presença do coronavírus desenvolvem sintomas. Em alguns, a doença manifesta-se meses ou anos após a infecção ocorrer e, durante este tempo, podem infectar outros gatos.
Os gatos que se encontram em risco são aqueles que convivem com gatos vadios e os que partilham a casa com outros gatos. Por gatos que convivem com felinos de rua não se entende gatos que são passeados. Mas são de facto os gatos que habitam sozinhos e que não saem de casa que menos riscos correm de desenvolvem esta doença.
Tipos de PIF
Existem dois tipos de PIF: a úmida ou Efusiva e a Seca ou Não-Efusiva. Ambas podem causar diarreia, perda de peso e letargia. Na verdade a PIF não se trata de uma inflamação do peritoneu, mas sim de uma inflamação dos vasos sanguíneos, vasculite.
PIF Seca ou Não-Efusiva
A PIF Seca é uma forma crônica da doença que se não for tratada pode dar origem à variante úmida. É mais difícil de diagnosticar pois os sintomas que apresenta não são exclusivos desta doença.
Sintomas
Lesões ocorrem por todo o corpo e os sintomas variam de acordo com os órgãos afetados (rins ou fígado, por exemplo). Muitos gatos desenvolvem inflamações oculares e/ou problemas neurológicos, tais como paralisia ou ataques. Gatos com PIF Seca podem ainda desenvolver icterícia, ou seja, obterem um tom amarelado na pele, que é mais visível no nariz.
PIF Úmida ou Efusiva
Esta é a variante mais grave pois para além dos sintomas que são verificados na PIF Seca, há também acumulação de fluídos devido à danificação dos vasos sanguíneos.
Sintomas
Na maioria dos casos de PIF Úmida, 60 a 70%, há acumulação de fluídos no corpo, mais comummente no abdômen, o que gera um inchaço na zona abdominal. O mesmo pode acontecer na zona torácica, o que pode causar problemas respiratórios adicionais.
Diagnóstico
A detecção da PIF não é tão fácil como à partido poderia parecer. Os sintomas são comuns a outras doenças e ainda não há nenhum método em que não ocorram falsos negativos ou falsos positivos, ou seja, gatos que se pensava estarem infectados e mais tarde verifica-se que não, e gatos que se pensava não estarem infectados e mais tarde verifica-se que estavam.
Métodos de diagnóstico:
Teste do coronavírus – este teste verifica se existem anticorpos do coronavírus presentes no gato. Mas a presença deste pode dever-se a qualquer outra variante do coronavírus que não seja PIF. Os anticorpos permanecem mesmo depois de o vírus desaparecer, ou seja, pode dar-se até o caso de o ter estado, e não estar atualmente, infectado com o coronavírus.
Polymerase Chain Reaction (PCR) – é uma das formas de detectar especificamente o PIF, mas podem ocorrer falsos positivos, pois a presença do vírus nem sempre indica doença.
Análises do fluído abdominal/torácico / Raio-X – Só resulta nos casos de PIF Úmida
Análise de Células dos rins ou fígado – É feita com anestesia local através da aspiração. Pode ser indicativa no que diz respeito ao despiste de outras doenças.
Biópsia – é a única forma eficaz de diagnosticar PIF. Mas submeter um animal debilitado a uma operação para recolher amostras de um órgão é sempre arriscado. Muitos dos diagnósticos de PIF só são certificados por isso depois da morte do animal através de biópsia.
Combinação de análises de sangue – Esta é a forma mais útil, embora não seja 100% eficaz, a fiabilidade dos resultados é alta. Podem ser feitas várias combinações de valores. Um exemplo é: uma contagem baixa de glóbulos brancos, valores altos de globulina e um teste positivo a anticorpos do coronavírus geralmente apontam para um caso de PIF com bastante certeza.
Tratamento
Infelizmente não há tratamentos eficazes contra a PIF. Os gatos são assim medicados na tentativa de eliminar ou aliviar sintomas. Contudo, não há cura para a doença.
Prevenção
Ainda não é claro como é que o coronavírus é transmitido entre gatos, mas sabemos que o vírus sobrevive durante 3 semanas a temperatura ambiente e que as secreções são um foco infeccioso. Pensa-se que os principais meios de transmissão sejam a ingestão de fezes e os espirros.
Existe alguma controversa em relação a casos de diagnóstico positivo em gatos que partilham a casa com outros felinos. Por um lado, para evitar a propagação do vírus a outros gatos, geralmente aconselha-se o isolamento do gato infectado dos outros, mas isto provoca stress no gato e acelera a doença. Sem forma de despistar a PIF de forma segura nos outros gatos, estes já podem estar também infectados.
Fonte: Arca de Noé